tag:blogger.com,1999:blog-80893564827207111732024-03-12T21:50:06.243-07:00souzadanielUnknownnoreply@blogger.comBlogger1125tag:blogger.com,1999:blog-8089356482720711173.post-75056254883581682402016-11-01T15:43:00.001-07:002016-11-01T15:43:18.847-07:00Ferida aberta...<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVDLXChI7cL7MgI6KWPc9BUaJjfJv2VaEswdKNYr5z6bEkBB8E5UvEAP6aCNtmiobnA4tjZ7h-wBLzps8qkqe4qtnNxKeJyPK_7Uy3z1I5Z_yIsflXhFtB1sClTZy8zcgkW2vEtWSxOCw/s1600/DSC07153.JPG"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5482867800307088514" src="https://web.archive.org/web/20140602032559im_/https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVDLXChI7cL7MgI6KWPc9BUaJjfJv2VaEswdKNYr5z6bEkBB8E5UvEAP6aCNtmiobnA4tjZ7h-wBLzps8qkqe4qtnNxKeJyPK_7Uy3z1I5Z_yIsflXhFtB1sClTZy8zcgkW2vEtWSxOCw/s200/DSC07153.JPG" style="cursor: hand; display: block; height: 150px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 200px;" /></a><br />
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<span style="font-family: "arial";"></span></div>
<br />
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<span style="font-family: "arial"; font-size: 85%;"><i>Ao Luis: pelas lutas, pelas utopias...</i></span></div>
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<span style="font-family: "arial";"></span></div>
<br />
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<span style="font-family: "arial";">O
sangue aparece, escorre. A carne está viva, a mostra. Os mais espertos
notam que algo não está tão belo e perfeito. Há um problema. Mas o corpo
poderoso continua a andar, desfila poder e ostentação. Fala com
legitimidade, diz o que deve ser feito: como pensar e falar. À frente:
todos se encantam, ele parece ter autoridade. Grande sujeito que sai
para vencer. Cada passo, um sinal de força. Mas não há como esconder:
“olha a ferida”, grita a criança! O corpo, cheio de poder, desconversa:
“Ela está fechada! Cala a boca, menina! Ela morreu, é esquecimento. Está
superada!”. Mas não adianta, ela não está morta. Ao olhar direito, nem
tudo é tão saudável. Nem tudo é saúde. O sangue aparece, escorre. A
carne está viva, a mostra...</span></div>
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<span style="font-family: "arial";"><br /></span></div>
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<span style="font-family: "arial";">Desde os meus primeiros anos nos estudos teológicos, conheci um jeito de <i>fazer-teologia</i>
que buscou a oportunidade e o direito de pensar e refletir sobre a
nossa gente, as nossas marcas, a partir do nosso mundo e do nosso povo.
Teologia construída a partir do mundo dos que sofrem, das vítimas.
Teologia latino-americana da Libertação. Um movimento teológico
originário nas décadas de 1970 e 1980 que em sua reflexão “privilegia a
situação de dominação, o avanço do capitalismo selvagem e seus efeitos,
os movimentos sociais e populares de libertação, a presença da Igreja no
coração do <i>grito dos pobres</i>” (João Batista Libânio).</span></div>
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<span style="font-family: "arial";"><br />Para isso, confessa desde o seu início a <i>opção preferencial pelos pobres</i>
como núcleo da experiência teologal, e a teologia como ato segundo,
nascendo da vida. Não dos dogmas (segure o coração fundamentalista!).
Ela é construída em mutirão, a partir de baixo. Das experiências do povo
de Deus, não dos conceitos. As estórias da Bíblia são como espelhos da
nossa vida, como paradoxo das experiências de muitas gentes com o seu
Deus, libertador. Espelho e convite para caminhar com o Abba na
história. Junto a este projeto, busca-se a “libertação da teologia” dos
dogmas ligados às classes e os processos dominantes, sem as teologias
importadas (mesmo que dialogue com elas) e jeitos de ser do outro, do
centro: <i>eu-ropeu</i>, estado-unidense. Somos latino-americanos, precisamos nos pensar.</span></div>
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<span style="font-family: "arial";"><br />Muitos
já declararam a sua morte. O fim da teologia que toma a história como
história dos oprimidos, como história daqueles que não tem palavra; que
luta por justiça e pelo pão nosso de cada dia; que tem como centro a
busca por sinalizar o reino de Deus em nosso mundo, pois “cremos na vida
antes da morte”; que nasce do contexto daquela/e que sente dor, que
sofre, criticando e buscando a transformação desta realidade. É a morte,
com certidão de óbito (por volta de 1989), de um novo jeito de fazer
teologia que está a serviço da transformação social, com caminhos de
libertação sociopolítica. Com a busca profética da transformação das
estruturas que geram morte e servem às lógicas do Império e da idolatria
(Santo capital-mercado: orai por nós). É o enterro de uma teologia que –
mesmo utilizando-se de instrumentais marxistas – tem como motor, não as
bases econômicas, mas a espiritualidade: o Espírito que é “a ‘Fonte de
vida’, trazendo vida para dentro do mundo: vida total, vida plena,
irrestrita, indestrutível, <i>vida eterna</i>” (Jürgen Moltmann).
Espírito que leva à luta e à festa, ao confronto contra a opressão e à
folia do reino. Teologia que fala do seguimento de Jesus, com as suas
escolhas: “honradez para com a realidade, parcialidade para com o
pequeno, misericórdia fundante, fidelidade ao mistério de Deus...” (Jon
Sobrino). </span></div>
<span style="font-family: "arial";"></span><br />
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<span style="font-family: "arial";"><br /></span>
<span style="font-family: "arial";">Mas
algo está estranho. Mesmo que a neguem, a Teologia da Libertação
aparece aberta, renovada, com olhares ampliados a partir de novos
problemas ligados a etnia, gênero, criação, pluralismo religioso. A
instituição deseja a sua morte, mas ela ainda permanece viva dentro dos
movimentos populares, de movimentos nas Igrejas, nas Faculdades de
Teologia (mesmo que os do poder queiram matá-la, ameaçá-la!) e nas mãos,
na mente, nos olhos e nos pés de jovens teólogos – como eu – que a
assumem como lugar e espaço para fazer teologia, não como prisão: mas
como liberdade, libertação. A ferida está aberta no corpo das
instituições (Paulo Suess). O sangue aparece, escorre. A carne está
viva, a mostra. Mesmo que coloquem panos, adesivos. Mesmo que tentem
silenciar a voz de quem não segue os modelos das alianças com as
teologias neoliberais – a voz continua a bradar. Mesmo que seja apenas
uma voz que brote do sangue, como Abel. “Se lhe negam a boca, ela fala
pelas mãos, ou pelos olhos, ou pelos poros, ou por onde seja” (Eduardo
Galeano). </span></div>
<span style="font-family: "arial";">
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Não há como esconder: “olha a ferida”, grita a criança! Ela sangra, está aberta</div>
</span>Unknownnoreply@blogger.com0